Fábula gótica sobre a vã imortalidade e o primeiro amor

segunda-feira, 19 de setembro de 2011.

Desprezado pela crítica e amado pela multidão, Carlos Ruiz Zafón afirma que Marina, o seu romance seminal, é também o seu dilecto. Nele, o catalão anuncia já o que viria a constituir o seu êxito planetário, A Sombra do Vento (Dom Quixote, 2004): uma viagem à decrepitude da Barcelona aristocrata, um amor tão casto como intenso ameaçado pelo funesto e a mesma técnica narrativa, servida por uma escrita poética sem exageros retóricos. Embora centrado na personagem do jovem interno Óscar Drai e na desmesura da sua paixão pela frágil, mas intensa e impositiva, Marina, que vive com o pai, outrora pintor celebérrimo, num palacete arruinado, o livro comporta uma segunda trama, porventura mais complexa, que debate a loucura implícita na busca pela imortalidade.

O par de jovens apaixonados confronta-se com ela quando se aventura a investigar uma estranha figura que presumem morar num antigo teatro, o Gran Teatro Real. Nessa demanda descobrem Mikhail Kolvenick, um génio tecnológico consumido pela ideia de substituir a caducidade orgânica do corpo pela perenidade protésica - que vai concebendo em experiências macabras sobre cadáveres -, com o nobre fito de recuperar a beleza perdida da sua mulher. Mas nada pode contrariar o seu destino, e ela própria almeja a morte do marido enlouquecido.

Pejado de personagens memoráveis, este romance não tem a solidez nem a destreza narrativa que viria a afirmar-se depois, mas tem Marina. E isso basta para fazer dele uma óptima leitura, que alguma lágrima há-de temperar. Recomenda-se.

TÍTULO: Marina
AUTOR: Carlos Ruiz Zafón
EDITORA: Planeta
PREÇO: 18,85 €





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